sexta-feira, 25 de junho de 2010

o menino e a raposa


Os pontos brilhantes dançavam,uniam-se e afastavam-se,vários tons de verde transformando-se em imagens e formas distintas,meros insetos em sua valsa divina.
O menino admirava como que boquiaberto,mente em branco e olhos atentos.

A neve caia.

Era bonito observar o agrupamento de pequenos montes gelados,uma xícara na mão esquentava todo seu corpo, ele a largou e abriu um sorriso desdentado enquanto corria convicto de que sua felicidade estaria naquela colisão com as gigantescas montanhas de neve que se acumulavam em frente a casa.
Seu riso explodiou em ondas de alegria assim que caiu no chão branco e macio,abriu os braços e desenhou seu pequeno anjinho na neve,era quase como um querubim, já que o tamanho diminuto não lhe permitia sonhar com grandes proporções espirituais.

Ao observar o pequeno ritual do menino risonho estava uma raposa distinta,pelos grossos e quentes lhe deixavam insensiveis aos pontos brancos que se acumulavam sobre seu pelo extremamente vermelho, o pequeno menino a encarava.
ele possuía um cheiro forte de leite que lhe lembrava de seus filhotes,suas bochechas rosadas e olhos brilhantes pra ela ja eram familiares, comuns entre os pequenos seres que vagavam por seu território.
a raposa concedeu ao menino uma honrosa lambida
ao que este só respondeu caindo e sorrindo em seguida.
a criaturinha de gosto azedo e olhos alegres se apoiou no dorso do animal, ajeitaram-se tal qual deviam.
a raposa entrou em movimento
e assim seguiram em meio a neve.

A poetiza

Eu gostava como os os labios dela se inclinavam na foto, vermelhos e cínicos, combinando com aquele olhar penetrante que deixa a gente sem jeito.
Antes mesmo de ler eu já sabia.
Conversando com um amigo ,pedi que me falasse mais a respeito dela, todas aquelas informações de praxe e mais um pouco, por favor.
-não sei bem como dizer cara
-como dizer o quê
- não sei explicar, as palavras dela sabe?
- não cara,não sei.
-As palavras dela, são meio sufocantes sabe...
PESADAS.
Foi ai que eu saquei tudo, ele não precisava me contar, eu sabia mesmo antes de ter lido,sabia antes de ele tentar explicar.
As palavras dela tinham peso,eu sabia porque as minhas também tinham.
Ela era intensa
Nada demais,só aquela intensidade difícil de se olhar
Porque é honesta demais
Verdadeira demais
E força a gente a ver o lado mais fraco que todo mundo tem,todos nós gostamos de nos fingir de fortes, mas ninguém gosta quando alguém nos deixa ali, nu, e aponta o que esta errado com a gente.
A poetiza fazia isso o tempo todo.
Fazia tanto que você achava que já tinha montado o quadro todo.
E era ai que ela te surpreendia, por que por mais nus que estejamos todos, sempre tem um pano ou outro que sobrou.
Quando se desmascara a futilidade só sobra à essência, e é ai que a brincadeira começa.

do fundo do armário

Bombas explodiam ao meu redor.

Eu ouvia ao longe os gritos de pessoas desesperadas,suas vidas tão frágeis a apenas um passo da inexistência, o medo estava por toda parte.

Era estranho pra mim estar ali,eu não me sentia integrado aquela lugar.

Eu não sentia pena daquelas pessoas. Talvez se eu existisse naquela realidade a coisa fosse diferente,mas não era, e a única coisa que eu podia fazer era assistir toda aquela destruição e esperar que acabasse.

Só assim eu poderia fazer a única coisa que tinha me levado até ali,achar o responsável por tudo aquilo.

E matá-lo.