terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Fragmentos de inspiração

Meu reflexo me encara e ele me odeia, posso ver nos seus olhos, ou nos meus, tudo depende.
Enquanto me encaro eu sou tudo e não sou nada, simplesmente odeio o que é existente, um ódio sem foco, quero arrebentar a cara do papa, quero explodir o cristo redentor e quero tomar um murro bem forte, quero dor, quero sangue, quero me sentir vivo como há muito tempo não me sinto.
Sinto um outro eu em mim, aquele que os outros querem aprisionar, o coração dele bate forte aqui dentro, às vezes ele sussurra no meu ouvido me dizendo para parar de agüentar as pequenas bobagens do dia-a-dia, para largar meu café com leite e pão com manteiga e correr atrás de algo melhor do que um perfil bonitinho em uma página de relacionamentos.
Não tenho tantas ambições aprisionadas quero apenas ser aquele cara no canto da festa, aqueles que todos olham desconfiados, ele apenas sorri daquele jeito sacana e bebe mais um gole daquela sua bebida que desce queimando a garganta.
O desgraçado não dá a mínima, ele sabe disso, eu sei disso.
Por um breve momento eu me vejo, ali no lugar dele. A sensação me completa, cada fibra do meu ser sente aquela confiança ilimitada que os mortais só experimentam uma vez na vida.
E a sensação passa tão forte quanto veio, deixando apenas o vazio em mim, me encaro de novo, não há mais ódio, apenas tristeza e a esperança de que eu volte a ser aquele cara no bar que eu um dia fui, que eu volte a sorrir daquele jeito sacana.
Mas eu sei que não vai mais acontecer, eu fiz minha escolha e me rendi como fraco que sou.
O amor me tomou por completo e sei que é um caminho sem volta.

2 comentários:

  1. uau. Profundo, belo e angustiante. o.o
    Sem mais palavras. :)

    Carly aqui.

    ResponderExcluir
  2. Uma vez você disse que eu nunca tinha lido seu blog, e realmente não fazia idéia de que você escreve maravilhosamente bem =), mas é claro que eu iria ler mesmo que escrevesse mal haeuoheauoaehaeouaeh
    eu diria perturbador, mas com um sentido inacreditável.
    "eu sou tudo e não sou nada, simplismente odeio o que é existente."
    pode ser que não seja sobre a mesma coisa, mas é incrível como nos rendemos por tão pouco, e conseguimos nos adaptar a essas certas escolhas

    beijo gui
    saudadees

    ResponderExcluir